terça-feira, 1 de maio de 2012

Recuperação pós cirúrgica


Quem já fez alguma cirurgia sabe o quanto é punk a recuperação.
A minha sobretudo, que foi no rosto, é mais punk ainda. É que nem arrancar todos os cisos de uma só vez com um trauma um pouquinho maior. Pois bem. Em todos os depoimentos que li, as pessoas relatavam que não tinham dores. É... mas nenhuma relatou que tinha gastrite.
Pois é, minha gente, eu tenho uma gastrite lascada e não consegui ingerir os remédios. No 2º dia de medicação oral meu estômago estava em frangalhos e nada parava nele. Então, minha recuperação ficou um pouco mais sofrida que o normal. Um pouco, não, um bocado. Como disse, meu estômago revirou e nada parava nele, nenhuma medicação, nenhum alimento. E pra fechar a mônada, eu vomitava até a água se não tivesse nada nele.
Daí começou no sábado a minha saga.
Fiz a cirurgia na quinta-feira, durou umas 3 horas. Na sexta de manhã fui pra casa da minha mãe. Estava tudo bem, até que não estava achando assim tão punk a recuperação. Nada de dores, sopa na seringa, gelinho na cara... Mas, no sábado, começaram as perturbações. A gastrite, os vômitos, as dores. O cirurgião que me operou o dr. Fábio, teve a paciência de Jó.
Por SMS ele foi me dando as orientações e no fim das contas estou com os braços todos furadinhos.  Isso por que tive que fazer todas as medicações na veia. Tudo bem, até aí, pois umas picadinhas no braço não é nada comparado às náuseas e vômitos. Mas não para por aí. Dores, dores, dores. Nossa, dói muito. Dói o rosto, doem os dentes, dói o pescoço, que aliás está verde. Isso aí, meu pescoço está verde por que fui entubada e isso machuca muito.
Então, nesses 5 dias de “cirurgia” essa tem sido minha rotina. Vai e volta no HRAN tomar medicação na veia, dores, dores pra dormir, dores na garganta e dores até pra fazer nada.
Meu braço parece o braço de um viciado em drogas. Rsrsrs... cheio de hematomas. Queria que fossem feitas lá no Sabim essas medicações. Mas primeiro que lá eles não fazem e segundo que meu cirurgião é do HRAN, então tenho que ir lá. Sem querer prolongar muito, puts, que trash é o serviço público. As enfermeiras parecem lavadeiras, que estão na feira. Sem contar o hospital que possui “a infra-estrutura”.             Quando será que o Brasil vai virar primeiro mundo e dar dignidade para seu povo?
Pois então, o que queria mesmo relatar foram as percepções que as reflexões pós cirúrgicas provocaram em mim.
É que estou dando o maior trabalho pra minha família toda. Minha mãe se desdobra para cuidar das sias coisas e também da minha filha que é uma pentelha, não cala a boca um minuto e não fica quieta um segundo. Hoje, até minha irmã veio para dar banho nela pq minha mãe estava atarefadíssima. Meu irmão, acorda de madrugada pra me levar ao médico quando estou com muitas dores e fica mó de boa esperando no hospital enquanto sou furada. Minha irmã ficou comigo no hospital na véspera da cirurgia (com fome no HRAN) só pra eu não ficar sozinha e depois voltou pra lá pra me ajudar a me alimentar,  colocando sopinha na seringa pra mim. Sem contar os dias em que teve que ir lá pra minha casa (em obras) pra vigiar pedreiro.
Mas meu amor a cada dia, a cada momento, encanta mais meu coração com tantos cuidados, preocupações, carinhos. Tenho sido tratada como uma rainha nesses dias com todos os mimos que alguém pode pensar. Uma pessoa também se desdobra em várias e está correndo pra lá e pra cá pra me dar assistência e ainda faz massagens. Afinal, as dores provocam muita tensão. Hoje parei um minuto para pensar no quanto sou abençoada por ter uma família como a minha. Percebi o quanto estão todos empenhados em me ajudar, em me dar suporte, em me acolher. No hospital, hoje, tinha uma moça com o rosto bem inchado, pedindo pra usar meu celular. Ela queria perguntar para alguém da família se alguém iria lá ficar com ela. Nossa, nessa hora ela partiu meu coração. Eu não fiquei sozinha em nenhum momento. Até o anjo, ou melhor, o dr. Fábio, que me operou, me deu toda a assistência via SMS o dia inteirinho.
Dessa cirurgia levo a lição do amor. Melhor que corrigir minha mordida, que era cruzada, senti muito fortemente o amor que recebo dos que estão próximos a mim e me apoiam.
Me dei conta que essas pessoas não querem nada em troca a não ser meu bem estar, minha felicidade e meu afeto. E isso é muito valioso e pra mim principalmente. Sairei mais que renovada dessa cirurgia.
Deus, obrigada!