segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Gente perfeitinha... Que preguiça!

Tenho a maior preguiça de gente perfeitinha. E não só, tenho preguiça de gente que teve a vida perfeitinha e age como se todo mundo tivesse a sua vida colorida. Na boa, sinto tédio dessas pessoas. Tenho preguiça de gente bem resolvida demais, que entende demais, que te analisa demais e parecem vindas de um outro planeta, superior.

Gente perfeitinha pensa que entende tudo e todo mundo, mas não sabe daquelas dores que dilaceram a alma, das dores do abandono, das dores da violência... Gente perfeitinha não sabe do desengano de uma vida de não ser, de não ser feliz, de não ser ninguém, de não ser parte, de não sentir que tem dignidade.

Gente perfeitinha é cheia de teoria e em suas teorias tudo é fácil, tudo é simples, toda dor é drama, fraqueza, mimimi. Faz o mesmo que teorizar o orgasmo quando nunca o teve e pior, acha que sabe o que é por que é doutor na teoria.

Você é muito confuso! Você não sabe o que quer! Tem que saber isso. Tem que saber aquilo... E por aí vai a lista de conselhos de quem não sabe o que é ser amputado, emendado, costurado, improvisado. Quer que o outro corra com muletas sobre memórias vazias de uma alegria e um sossego infantis que alicerçam, mas que nunca teve. Quer ditar como o outro deveria ser sem nunca terem sido. Olha com um olhar de superioridade quem carrega um defunto nas contas.

Gente perfeitinha é muito chata. Tem de haver poesia e a poesia só nasce da dor, da contradição, da ausência, da esperança. Tem de haver o encanto e o encanto só nasce da contemplação e esta requer ausência de juízo, empatia.

Gente perfeitinha é aquela que subjuga, que renega, que não entende nada, que faz cara de dó e por dentro sorri se gabando de ser tão superior diante de alguém que sofre suas crises de existência.

É por essas e outras que prefiro os dilacerados, os apaixonados, os desequilibrados, os ensandecidos. Prefiro os exagerados, os tortos os confusos. Prefiro aqueles que sonham loucamente, que riem e choram ao mesmo tempo. Prefiro os que se descabelam, que oscilam, que morrem de paixão, que se contradizem. Prefiro aqueles que são apenas humanos. 

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