quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Por mim mesma - olhando pra mim

Já faz um tempo que não escrevo. Aliás já faz tempo que não tenho tempo.
Quando era adolescente, escrevia horrores e tenho mais ou menos uns 10 cadernos enormes escritos de cabo a rabo.
O que eu tanto escrevia??? Boa pergunta... Não sei bem.
Ontem resolvi tirar um daqueles cadernos do armário e ler pra saber o que eu tanto escrevia.
Queria também compartilhar, com meu amor, aqueles meus pensamentos. Mas para minha decepção, escolhi o caderno errado, pois aquele falava de uma das minhas paixões adolescentes até não aguentar mais. Eram umas 300 páginas de delírios apaixonados e insanos.  Triste, não gostei de me lembrar daquela época. Não gostei de me lembrar como eu me apaixonava pelas pessoas sem uma merda de um motivo.

Hoje, pensando em como o tempo passou e também aquela fase “adolescente visceral”, não sinto nenhuma saudade daquela que fui. Não que minha capacidade de sentir tenha se esvaído junto com a tinta daquelas canetas que usava para escrever. Mas o desabrochar natural do ser humano não poderia me excluir desse processo. Transformei-me.

Quando releio algumas daquelas páginas, sinto uma certa angústia, como se quisesse rejeitar aquilo tudo. Mas percebo que graças a essa capacidade de devanear, hoje possuo muita facilidade no campo da comunicação e da linguagem. Afinal, até que escrevi muitas linhas espontâneas para uma amadora.

Ainda sou uma amadora no campo da comunicação. E sinto, muito forte em mim, um desejo latente de imergir no lúdico e não sair mais de lá. E também não sei por que ainda não fiz isso.

Estou em uma fase boa da minha vida. Finalmente! Mas ainda não consegui me acostumar com as mudanças. Existem alguns pontos ainda muito delicados nesse processo. Mas tudo bem, um passo de cada vez.

Constatei, recentemente, que a gente se acostuma com tudo meeeessmo.. até com o que desagrada. Tanto que quando está tudo bem parece que não está bem, pois está diferente do habitual.
Digo isso por mim, pois me deparei comigo mesma sentindo algumas sensações sem aparente causa ou origem, e ao investigar percebi que não tinham de fato uma origem concreta, ou seja, eram hábitos, HABITOS... hábitos de sentir. Em consequência disso, percebi que é essencial praticar o hábito de vigiar os próprios sentimentos e construir o hábito de cultivar apenas aqueles bons, que te fazem bem.

A autenticidade nos sentimentos serve apenas para sentir dor quando se sofre.
Quando falo da falta de autenticidade nos sentimentos, não me refiro a ilusão de que tudo está perfeito quando o mundo está desmoronando. Também não me refiro a cegueira causada pela incapacidade de confrontar os próprios sentimentos e superá-los ou até mesmo de confrontar as causas dos sentimentos. Me refiro a capacidade de gerir seus sentimentos, tendo consciência plena deles. E essa consciência vem apenas com a investigação e análise sincera. A consciência dos próprios sentimentos vem apenas com a libertação dos vícios do ego.  Ou seja, não é simplesmente dissimular os sentimentos, tem que ser uma dissimulação consciente do objetivo e isso é muito diferente de ilusão.

Hoje, estou passando por um processo de libertação. Estou me libertando de mim mesma e de todas as amarras internas do sofrimento, da culpa e da angústia.
Sei que ninguém vive plenamente feliz o tempo todo, mas sei que estou encontrando em mim mesma a pessoa que sabia que estava lá e não conseguia deixar aflorar.
É claro que devo muito disso a pessoa que hoje está ao meu lado, que me cobre de amor, de cuidados, de compreensão, de segurança e da certeza de que o que sou verdadeiramente é o que tenho de mais precioso. E é nesse sentimento de amor e admiração que estou sentindo que sinto a felicidade de finalmente ter chegado o momento de viver.
Acho que também fui agraciada por Deus.

Falando em Deus, tenho que falar das Mônadas de Leibniz... rsrsrs.. é o assunto do momento. Ah, mas vai ficar para um próximo post.