segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Natal

Esse Natal foi pra lá de especial. Para nós, eu e meu bem, sobretudo. Meu bem, cujo pseodônimo, a partir de agora será Anjo, deixou de viajar para a casa de seus pais, como sempre faz, para estar comigo e com a minha família. Foi mágico.

A magia do Natal é o que mais me encanta, pois aproxima as pessoas e promove vários momentos de união e alegria. São nesses momentos que percebo, não apenas a necessidade, mas a importância em celebrar a vida e as pessoas que amamos.

Preparei uma surpresa para meu anjo que, acredito, será inesquecível.
E como achei que foi bastante especial, recolvi compartilhar a ideia com todos que visitam esse blog.

A ideia surgiu quando depois de 3 meses de união, meu anjo comentou que sabia tocar violão. Na mesma hora pensei: Hummm.. então eu vou dar um violão de presente pro meu  anjo!

Pois, então, quando chegou o Natal, tratei de escolher um violão bom e de sua cor preferida: Vermelho.
Mas eu não poderia simplesmente dar o violão assim. Tinha que fazer alguma coisa especial, que desse significado.
Acredito que a vida é feita de momentos e que temos que valorizá-los.
Então tive a ideia de fazer a brincadeira das caixas, para tentar explicar o real significado daquele presente e dos meus sentimentos.
Peguei, então, a palheta e coloquei em um envelopinho dentro de uma caixinha cheia de papel picotado (daquelas máquinas de triturar papel). Dentro da caixinha também tinha uma cartinha.
Na verdade, entreguei uma caixa embrulhada para presente do tamanho de uma caixa de sapatos.
Ah, foi tão lindo! Quando abriu a caixa, tinha uma cartinha sobre os papéis triturados. Na cartinha tinha a letra daquela música: "Quero ver, você não chorar, não olhar pra trás, não se arrepender do que faz..."
Depois que meu anjo leu essa música e eu e minha irmã cantamos, pegou a outra caixa que estava dentro da primeira. Na caixa tinha outra cartinha, com a letra da música "Monte Castelo" e a poesia de Camões. Quando meu anjo terminou de ler, abriu a caixinha e lá dentro tinha mais papel triturado e outra cartinha e nela tinha aquela musica do Jorge Vercilo, Monalisa. Tudo a ver com a gente. E dentro dessa caixinha tinha mais uma, mas dessa vez com uma poesia minha, que compartilho logo abaixo com vocês.
E dentro dessa cartinha tinha a palheta.
Nossa, a cara do meu anjo foi a melhor parte. Uma cara de "tipo assim" o que eu faço com essa palheta, o que tem a ver tudo isso? Eu disse que achava melhor que aquelas músicas fossem cantadas direito e pedi à minha irmã que nos emprestasse seu violão e minha irmã foi lá e pegou o violão do meu anjo e entreguei o presente verdadeiro. Foi muito legal. Acho que de certa forma surpreendi a todos.

Na vida, temos que surpreender as pessoas que amamos diariamente para que não acabe o encanto. Toda relação é feita de encanto e o encantamento é tarefa diária.
Acho que fui feliz com a minha ideia. Por que dar um presente é uma coisa muito simples, mas seja qual for o presente, o importante mesmo é o contexto dele.

Naquele momento eu queria expressar o meu sentimento e sabia que o presente por si só não demonstraria isso. Queria dar significado às coisas e acho que consegui. O restante da noite foi uma farra só. O melhor, de um presente como esse, é que basicamente é um presente coletivo, pois diverte a todos e eu, com todo interesse do mundo, como uma apaixonada por música, amei ver meu amor tocando e fique mais apaixonada que nunca. Fala sério, tocar violão é um charme, um T. hahahaha...

O mais importante nessa vida é saber valorizar as pessoas que fazem parte dela e nos amam. Nunca sabemos quando perderemos a pessoa que amamos e por isso temos sempre que preservar a harmonia nas relações, deixar as pessoas com palavras doces, demonstrar o que sentimos de bom para a pessoas se sentirem amadas.

Minha dica para esse Ano Novo é sobre o amor. O amor é uma jóia muito valiosa que temos que preservá-la. A jóia é feita de materiais nobres da natureza e o valor está nos olhos que quem sabe apreciar.

Muitas vezes confundimos os sentimentos, mas isso não importa. Importante é termos certeza de nosso amor próprio e do que é realmente bom para nós.
A felicidade não tem preço e ser feliz é o que todo mundo quer, mas nem todo mundo sabe o que realmente o faz feliz.
Eu descobrir que ser feliz no amor, tendo uma família, é a melhor coisa que existe pra mim, pois é tudo o que eu preciso. Mas Deus foi generoso comigo e me deu um pouco mais.


Nossa Canção


A vida é uma canção
Feita de melodias e tons
De acordes e cores
De gostos e sabores
Posso sentir, então,
A cadencia pulsando em meu coração
Produzindo um som ritmado
Que embala nosso bem amado
E entre notas musicais
Orquestramos nossa história
Com poesia, risos, glória
Com palavras de carinho e amor.
Pois seja como for
Estaremos nessa banda
Que seja cantando
Ou dançando ciranda
De qualquer maneira,
Mas com a alegria de deve ser
Um amor pra vida inteira.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

E a vida segue

Hoje vi um clipe que foi uma febre na internet. É o clipe de um menininho cantando “O pintinho piu”. Uma pessoa normal não encontraria fundamentos filosóficos em uma musiquinha infantil como essa, repetitiva e boba. Mas acho que não sou uma pessoa muito normal. Ouvia as pessoas cantando “e o pintinho piu e o pintinho piu...” e parei pra pensar que as coisas acontecem e a vida segue inexorável.
É sério, eu não usei nenhuma droga, juro, mas ouvi tantas pessoas cantando essa frase como quem diz: é... e a vida segue, não importa o que aconteça (tanto que o pintinho continua fazendo piu). Pensei muito antes de escrever isso, pois acho que por mais que eu explique vai parecer uma coisa boba. Até por que estou contagiada por essa energia gostosa de fim de ano, de Natal, de expectativas, de planos para o recomeço no próximo ano, que pareço meio abobalhada mesmo.
Mas o fato não muda. As vida segue, sempre segue a não ser que você morra e mesmo assim ainda acredito que a vida siga em algum outro lugar, de alguma outra forma.
Ultimamente ando muito inspirada para escrever, filosofar... Inspiração tenho de sobra, o que não tenho mesmo é tempo. Dar uma rapidinha, para mim, significa fazer o que faço agora, uma pequena pausa no meu dia para escrever um pouco, para transar minhas ideias e quem sabe ter um orgasmo intelectual! (Palavras de meu amore!).
Com o passar dos anos, o acumulo de vivências se torna cada vez maior e olhar para trás dá uma sensação estranha e boa. Estranha por que elas modificaram a pessoa que somos de um modo que percebemos tais mudanças. Pelo menos eu percebo mudanças de coisas que pensava diferente, agia diferente e principalmente, sentia diferente.  É óbvio que todas as pessoas mudam. A questão é dar-se conta das mudanças e conseguir perceber se foram realmente mudanças positivas.

Agora pouco aqui no meu trabalho, começou uma discussão sobre fé e religião. Por incrível que pareça, nenhuma das discussões contemplou o melhoramento interno, o amadurecimento do espírito, a evolução da alma. Se fala em regras, teorias, frases feitas da Bíblia, regras de pastores e de igrejas, enfim...
E eu, ainda cometo a ignorância de tentar explicar às pessoas o meu ponto de vista sobre a liberdade da alma, a liberdade que deve ser percebida, pois já existe. As pessoas se aprisionam por medo de errar e de serem punidos e pregam que acreditam em Deus e que aquela forma é a correta. Eu não tenho nenhuma segurança sobre os fatos que um dia aprendi sobre a história de Deus, no máximo acredito que a fé em mim é necessária pois sou uma vida e isso já é misterioso demais para eu entender. É muito fácil acreditar em uma mensagem pré-concebida ou dita por outros, pois nos exime da responsabilidade de descobrir qualquer coisa.
Aliás, a palavra RESPOSABILIDADE deveria ter mais a atenção das pessoas. Fala-se pouco sobre responsabilidade por que entende-se que ter responsabilidade é chato. Mas a responsabilidade é algo inerente a existência humana. Todos nós somos responsáveis por nossas escolhas e pela consequências delas, pois temos o livre arbítrio e disso não tem como fugir. Então significa que temos escolha e até se não escolhemos nada é por que decidimos não escolher.
Isso é difícil de se conceber na prática e por isso é que tanta gente continua culpando a vida, as pessoas, a mãe, o amigo, ou seja quem for pelos fatos que ocorreram em nossa vida.
A culpa é sempre nossa. Aliás, culpa não, responsabilidade.
É necessário trabalhar a linguagem para que a linguagem não trabalhe a gente. E as palavras modificam muitas coisas principalmente pela maneira como são ditas.
A culpa é um dos principais problemas da consciência humana. Ela é tão traiçoeira que na maioria das vezes nem nos damos conta de que somos escravos da nossa culpa. Diria até que a descrição daquela coisa ruim (daquele ser ruim) que algumas crenças acreditam existir como “inimigo de Deus” se enquadra perfeitamente no que esse sentimento provoca nas pessoas. A culpa aprisiona, escraviza, limita, fecha perspectivas e oportunidades.
Do que você sente culpa? Foi culpado por que? Pelo que?
Historicamente, para algumas crenças, a mulher foi a culpada pelo pecado original, não é mesmo? Por isso foi tão segregada, torturada, discriminada, humilhada ao longo da história.
Se pararmos pra pensar, todo mundo sente culpa por alguma coisa que aconteceu consigo ou com os outros.
Mas olha só o poder das palavras! Se tirarmos a palavra culpa e colocarmos no lugar a palavra Responsabilidade, não começa a mudar tudo?
A culpa tende a auto punição, ao castigo, enquanto a responsabilidade tende ação. Ter consciência da responsabilidade por algo que se sucedeu, tende a impulsionar o indivíduo a olhar pra dentro de si e compreender que é o único responsável pela própria alma e que por esse motivo deve selecionar bem a opção dentre suas escolhas, até mesmo no campo da fé, pois seguir de olhos fechados algo imposto por uma fé alheia, pode representar grande risco.
Normalmente, quando as igrejas começam a catequisar as pessoas (nem sei se é essa a expressão utilizada por todas as religiões), os líderes começam a pregar depoimentos ou histórias de pessoas que tiveram ou não fé, ou que fizeram ou não o que o “Deus” deles esperava, e logo em seguida fizeram um julgamento de juízo pregando de forma muito indireta o medo da punição se não seguir o exemplo, ou a culpa pelo demérito levando a punição. 
Depois vem a contradição, quando dizem que Deus não pune. É claro que Deus não pune! Ora, a culpa pune mais que todas as coisas. Mas falam em nome de Deus quanto revelam as ameaças.
A culpa é um sentimento que olha pra trás. Não tem como alguém sentir culpa por algo que não aconteceu. E ainda quando se acredita que existe culpa por algo que não aconteceu, existe, de fato, o sentimento de culpa pelo pensamento desejoso de algo que está nos sentidos dos desejos e por algum motivo a consciência discrimina. Mas a responsabilidade tente a modificar quando se olha pra frente e pra trás. É possível ter responsabilidade sobre algo que já aconteceu e sobre algo que está porvir. Entender que sempre temos responsabilidade sobre quem nos somos é entender que temos responsabilidade sobre o que nos tornamos e pelo que nos tornaremos e consequentemente sobre o que faremos com isso. Ou seja, se sofremos ou somos felizes, se ganhamos ou perdemos, se temos ou não temos.. enfim, como já disse em outros postes, são absolutamente resultado de nossas escolhas e sendo assim, responsabilidade nossa. Como se sente? Está feliz? Feliz, ou sinceramente feliz? Está triste ou sinceramente triste? De quem é a responsabilidade? De alguém? De Deus? A responsabilidade é de cada um de nós e o mérito do que é a nossa alma é apenas nosso. Mas e Deus? Deus habita em nós, não importa quem somos e muito menos como somos. Deus é a chama da nossa alma que se manifesta em forma de vida e renovação e não um julgador que quer que se sinta culpado pelo que é.
No final das contas não importa muito o que somos e sim o que nos tornamos e a caminhada que fizemos para chegar aonde estamos, pois isso contempla o propósito da existência, que é a evolução. Ou alguém acredita que Deus criou a vida para ser estagnada a nível de evolução da alma.?Se Deus é nobreza e plenitude, por que criaria o ser humano para ser almas empedernidas por toda a eternidade?
A maior parte das pessoas que possuem a fé cega não olha para si,como responsáveis pelo próprio destino. Aliás, uma fé cega não sabe que é uma fé cega. A fé é sim,algo intangível e irracional, mas sempre estará fundamentada em algum conhecimento teórico ou no mínimo filosófico sobre ela. Afinal de contas, o que é a fé, se não crer em algo que não podemos provar cientificamente?
Alguém por acaso tem fé no ar, ou na pedra, ou no sapato, ou na panela? Não, as pessoas têm fé em algo que é sobrenatural, que não é concreto ou não se sabe se existe, pois se soubéssemos, por exemplo, qual é o pensamento de Deus sobre todas essas crenças e grupos religiosos, certamente escolheríamos a que Ele diz que é certa e consequentemente haveria somente um (partindo da lógica do pensamento humano).
Mas existem inúmeras religiões e não temos nenhuma garantia de que aquela a qual embasamos a nossa fé é a correta.
Acredito que importante é ter fé em si mesmo (pois temos certeza que existimos), naquilo que podemos ser ou que nem sabemos que somos e isso já é difícil demais. Imagine ter fé em um Deus que alguém nos disse que existe desde que nascemos e nunca vimos? Acredito que  é importante buscarmos em nós as nossas responsabilidades sobre quem somos e quem queremos ser e a consciência de que não temos consciência de todas as coisas, por isso é muito arriscado sair por aí dizendo verdades sobre algo que nunca vimos, apenas temos fé.
Eu tenho a minha fé. Mas tenho também a consciência de que posso estar equivocada em minhas crenças e isso não me perturba nem um pouco, pois ninguém ode mesmo ter certeza de nada.
O que eu sei é que busco pensar antes de agir, olhar para mim, para quem sou verdadeiramente e para o que fiz, pois diz mais sobre mim do que o que eu penso ser. Tento premeditar consequências dos meus atos e ter a consciência de que seja qual for o resultado, a responsabilidade será apenas minha.

De uma forma ou de outra, eu escolherei correr o risco de ser quem sou.

domingo, 4 de dezembro de 2011

O que vem em 2012...

 
Graças a Deus 2011 está acabando. Hoje, 3 de dezembro paro para fazer o balanço desse ano e para começar a colocar expectativas para o próximo.
Posso considerar o saldo desse ano como positivo. Fora as dúvidas e as dívidas, esse ano foi espetacular.
Minha mãe sempre diz: “Cuidado com o que você pede. Vai que Deus te atende!” E não é que está certa! As vezes penso que mãe está sempre certa, de uma forma ou de outra. E eu sou mãe também, então... kkkkkkkkkk...
Brincadeiras a parte, não posso reclamar, pois sou abençoada.
Esse ano conclui a faculdade. Falta pouco para receber meu diploma. Só algumas horas de cursos extras e pronto. Sou uma Gestora de RH. Não é pouca merda, não... é muita merda mesmo!

Para o próximo ano quero dar uma degolada. Ou seja, fazer a pós e concluir o curso de adm.
Não sei se é muito utópico, mas como diz a música: “sonhaaaar não custa nadaaa...”
É que quero muitas coisas. Nunca vi alguém querer tanto.

Quero fazer a pós (já escolhi lugar e curso), quero terminar o curso de administração e fazer uns outros. Pena que não dá tempo para tanto. Mas, espera, tenho todo o tempo do mundo, tenho a vida inteira pela frente.
As vezes me dou conta de quão preciosa é a oportunidade de ter uma vida. Tem bem mais precioso? Ter uma vida e ter saúde para vivê-la. E quero viver essa vida com tudo que há de melhor, com todas as expectativas que puder.

Viajar, estudar, ter meus bacuris... amar e ser amada! O que mais posso querer?

Vou começar bem esse ano de 2012. Fazia tempo que não viajava e esse ano vou viajar no Reveillon. Nem acredito. Estou que nem menino pequeno que fica na frente da árvore de Natal esperando dar meia noite para abrir os presentes.
Vamos para um hotel em uma cidade pitoresca, daqueles que tem tudo, até massagem! Um sonho. Eu vou Minha filha vai tomar banho de piscina quente até não aguentar mais. Ainda bem que tem aquele espaço kids. É uma mão na roda!
Meus planos para o ano que vem é fazer mais viagens. É pra isso que quero ganhar dinheiro, para viajar com minha família e aproveitar a vida.

Não sei se já contei aqui nesse blog que terei que fazer uma cirurgia no próximo ano. A boa notícia é que não precisarei mais pagar por ela, pois consegui um canal para fazer pelo SUS. Menos mal, era caríssssima;
Outra boa notícia também é que depois da cirurgia ficarei linda! Nem acredito que vou me livrar desse queixão, nem acredito.
Ano que vem, vida nova.

Estou com várias expectativas para o próximo ano e se Deus quiser terei excelentes novidades para postar.

Que Deus abençoe a todos!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Já olhou pra dentro hoje?

O ser humano é incapaz de reconhecer no outro um sentimento que nunca tenha, de certa forma, experimentado. Poderá ter conhecimento da existência, mas jamais saberá como é se não for vivido por si memo. A ideia do que seja um sentimento não significa a compreensão do mesmo. Seria como tentar descrever o orgasmo. Não há descrição, por mais fiel que seja, que defina ao outro de maneira que possa conhecer verdadeiramente.
Da mesma forma, enxergamos no outro apenas aquilo que já existe em nós. E muitas vezes enxergamos algo que nem sequer existe no outro. As interpretações do outro são sempre influenciadas pelos nossos vícios de pensamento e também por quem nós somos. Por esse motivos existem as divergências nas impressões.
Em relação aos nossos próprios sentimentos, sobre a percepção que temos deles e dos aspectos da nossa personalidade, acredito que podemos lidar com eles de duas formas. Uma delas é reconhecendo-os. A outra a negando-os. Quando reconhecemos, chamamos de auto-conhecimento. Quando negamos, nem sequer nos damos conta de que fazemos isso. Por algum motivo fechamos nossos olhos interiores para proteger nosso ego da decepção de sentir algo que moralmente consideramos feio, inadequado ou incorreto. 
Quando há a compreensão de um sentimento em nós e o reconhecemos no outro, o respeitamos e somos sensíveis a ele. Porém, quando não reconhecemos um sentimento em nós mesmos, o julgamos no outro ou julgamos o outro, enclausurando-o em definições que são nossas, ou genéricas, porém, superficiais e de certa forma, incoerentes.
É por isso que se diz, que não é possível ter maturidade sem vivência e sem humildade. Pois quem não tem vivência, não teve a chance de experimentar diversas situações e sentimentos para ter a chance de aprender a lidar com eles. E quem não tem humildade, acha que já possui todas as verdades e definições de que necessita e fecha-se para o novo. E quando se está fechado, está aparentemente protegido, porém, cego para os que estão a sua volta e para o que se passa dentro de si.
A maioria das pessoas acredita que possui total consciência de tudo que se passa dentro de si, de seus sentimentos, motivos, impulsos, crenças... Entretanto, se todos nós fôssemos assim, tão racionais, até mesmo com as emoções, não haveria tanta contradição no comportamento humano.
“suas ideias não correspondem aos fatos...”
Já ouvi muitas pessoas se proclamarem senhores de si mesmo, com afirmações do tipo, eu sou assim, eu sou assado, ajo assim quando acontece isso, ajo assado, quando acontece aquilo. Mas as contradições são evidentes e perceptíveis no dia a dia. Isso por que é muito difícil definir um indivíduo com palavras, pois as palavras limitam as definições. Um indivíduo, seja como for, simplesmente por ser humano, é complexo o suficiente para não ser possível defini-lo com palavras. Ainda mais se definido por outro indivíduo também complexo e misterioso para si mesmo. Todos nós, somos profundos e complexos a ponto de sermos um mistério até para nós mesmos.
Aquilo que revelamos ao mundo é apenas a máscara do nosso condicionamento e dos nossos vícios de impressões.
O que diferencia, nesse sentido, uma pessoa de outra, é a disposição e a capacidade para reflexão e introspecção que cada uma tem, na tentativa de enxergar verdadeiramente suas motivações interiores. E mais, para discerni-las e agir de maneira coerente consigo mesmo.
Não é fácil e nem sempre agradável olhar para dentro e se deparar com os sentimentos que mais abomina. Nem sempre é agradável olhar para dentro e perceber-se fraco ou inseguro. Todo mundo quer ser virtuoso, bem resolvido, convicto, seguro... e muitas vezes, em nome disso recusa-se definitivamente a analisar-se em suas mais genuínas características.
Já olhou para dentro hoje? Já se perguntou se não está fazendo papel de bobo achando que ninguém vê aquele sentimento que você dissimula o tempo todo? Já pensou no que o faz sentir cada coisa e nos motivos mais profundos?
Pensar nisso causa desconforto e também liberdade. Uma liberdade diferente desse conceito comum que temos. A liberdade de ser quem é, simplesmente. Liberdade de ser e sentir aquilo que vem da alma, pagando um preço por algo que vale a pena, só por que é verdadeiro e não uma ilusão. Sendo assim, essa liberdade a que me refiro, é a liberdade da ilusão de ser o personagem que criamos, não para o mundo, mas para nós mesmos. 
Já pensou que as pessoas que verdadeiramente te amam, provavelmente enxergam aquilo que você não vê em si mesmo e te aceitam tal como você é?
E quando nos deparamos com um afeto verdadeiro por outra pessoa, não aceitamos esse sentimento mesmo após reconhecer características no outro que consideramos defeitos?
O sentimento, seja qual for, assim como o amor, os afetos, ou desafetos não necessitam ser ditos para serem percebidos. Pois são demonstrados de forma direta ou indireta.
Ser sensível aos sentimentos de modo geral, transforma o individuo, modificando-o na alma, criando um ser imerso nos sentidos e sensações percebidas por eles.
A alma repleta de sentimentos, navega, transitando entre uma sanidade aparente e uma espécie de insanidade emocional, aos olhos de quem não é capaz de perceber a multiplicidade das possibilidades que esses sentidos proporcionam.
Continua...

sábado, 29 de outubro de 2011

A história da menina Kôral

Michelle é uma colega de trabalho, gravidinha, e muito simpática.
Ela tem uns 28 anos e um filho de 15. Então imaginem,  ela engravidou aos 13 anos e passou maus bocados.
Seus pais são separados. Na separação, o pai, por ter uma condição financeira mais privilegiada que a mãe, conseguiu na justiça o direito a guarda dos dois filhos: A Michelle e o irmão (cujo nome não sei!).
Porém, aos 13 anos de idade a Michelle engravidou de um militar de 19 anos. Foi um escândalo e seu pai não aceitou de jeito nenhum a sua filha grávida colocando-a para fora de casa.
Sua mãe, então recém-casada, acolheu a filha, dando todo apoio e assistência que necessitou, criando seu neto e sua filha com todo amor e carinho. Seu atual marido assumiu o papel de pai de Michelle e de avô de seu filho Lucas, que é apaixonado pelos avós e encontra neles uma referência.

Mas não é a história dela que vou contar não. Vou contar a história que ela me contou.
É a história da menina Kôral. Uma criança de 6 anos que tornou-se membro da família.

Certo dia, conta Michelle, sua mãe estava em casa (é dona de casa) e tocou uma mulher à campainha. Essa mulher era meio hippie, toda tatuada e tinha com ela uma criança de aproximadamente 3 anos. A Kôral.
A mulher disse:
_ A senhora poderia olhar minha filha hoje pra mim. Pois estou doente e preciso ir ao médico e não posso leva-la.

A senhora, de nome Ana, achou aquilo muito entranho, mas colocou a criança pra dentro de sua casa. A mulher então se identificou e disse que era amiga de uma conhecida dessa senhora. E foi embora.

Anoiteceu e a mulher não deu as caras. Ela não tinha deixado roupas, nem nada para a criança pernoitar na casa da “estranha” e tampouco deu um telefonema para saber como estava sua filha.
O marido de Ana chegou e achou muito entranho o fato da mãe ter deixado aquela criança linda ali na casa de estranhos e decidiu, então, ir na casa da conhecida a que a mãe da criança se referiu para confirmar se era mesmo verdade.
Ao chegar na casa dessa conhecida, se deparou com a outra filha dessa mulher, que também tinha sido deixada lá pela mãe. A conhecida (também não me lembro o nome), informou que de fato, a mãe estava doente e que tinha deixado sua filha Jade lá para ir ao hospital.

O marido de Ana decidiu voltar pra casa com a menina, a Kôral, e esperar que a mãe voltasse do hospital. A criança ficou na casa, com os “estranhos”, tranquilamente, brincando, como se os conhecesse há muito tempo.

Michelle conta que na primeira noite tiveram que improvisar roupas para a criança dormir e que foi um sufoco pois a menina ainda fazia xixi na cama.
Mas a noite correu bem. Em nenhum momento a criança chorou ou perguntou pela mãe.
(Se fosse a minha filha ia estrebuchar de chorar perguntando por mim).

Ok. No outro dia tentaram contato com a mãe pelo número de celular que ela tinha deixado. E para a surpresa a mulher atendeu e disse que ainda estava internada no hospital de base e perguntou se Ana poderia cuidar de sua filha por mais um tempo, até ela se recuperar. Ana não teve escolha e não pensou duas vezes. Uma criança tão frágil e tão graciosa ali, precisando dela. Não poderia negar nenhuma ajuda.
E a menina foi ficando.
Ana e seu marido, compraram roupas tudo que a criança precisava no momento e foram cuidando dela... se afeiçoando a ela... e a mãe, nada de aparecer.

Uma semana depois (se não me falha a memória) a mãe de Kôral aparece na porta da casa de Ana com uma mala na mão. E então diz a Ana que precisa fazer uma viagem e pede que continue cuidando da Kôral. Bom, a Kôral já estava lá e estava muito bem. Certamente poderia continuar.
E a mulher se foi.
Dois meses depois a mãe reaparece acompanhada de um rapaz. O apresenta como namorado e diz que em breve se casará e levará Kôral para morar com eles.
Ana observa o rapaz e sugere a mãe que primeiro organize sua vida e quando ela tiver sua casa e tudo estruturado, que ela vá buscar a menina, pois ela estava muito bem lá.
O namorado da mãe foi apresentado como policial militar. E demonstrou ter se apaixonado pela menina.
Porém, a mãe não retornou nos dias seguintes para visitar a menina. Mas seu namorado sim. Ele ia constantemente visitar a criança na casa de Ana e sempre dizia que estava passando por ali e que a mãe de Kôral estava em casa e não pode ir.

Depois de umas 3 visitas Ana começou a estranhar a atitude desse rapaz e pediu ao seu marido que chegasse mais cedo do trabalho para averiguar.
Foi quando o namorado da mãe veio para mais uma visita. Ao se deparar com o marido de Ana em casa aparentou desconforto. Mas foi recepcionado com a maior educação.
Ele pediu para segurar a menina no colo. Mas o marido de Ana não permitiu. Disse que a menina não gostava de colo. Ele pediu, então, para levar a menina para passear. O marido de Ana disse que tudo bem, ele poderia levar a menina para passear desde que ele também fosse junto. Foi então que o suposto policial percebeu que não seria fácil ter acesso a criança e desde aquele dia não apareceu mais na porta da casa de Ana.

Depois de algumas semanas a mãe apareceu e disse que tinha terminado tudo com aquele namorado e que faria uma viagem para o São Paulo, pois pretendia comprar algumas peças para artesanato. E mais uma vez, foi embora.
Após alguns meses, ela voltou novamente a porta de Ana e pediu para levar a filha para ir a uma festa com ela.
Ana disse a mãe, que cuidaria da menina até que ela tivesse condições de assumi-la. Pois ela era a mãe.

Bom, mas a noite da mãe não foi como esperava. A menina não quis permanecer com a mãe na festa e muito menos dormir no local em que a mãe estava. Chorou, teve febre e aporrinhou a mãe com saudades de Ana e do marido, a quem ela já considerava seu pai.
Foi então que o marido de Ana saiu de madrugada para buscar Kôral no outro lado da cidade. E foi só chegar em casa para a menina melhorar.
A mãe então disse que viajaria para o Uruguai para tentar um trabalho e que quando estivesse em condições, voltaria para buscar a filha.
E desde então, nunca mais apareceu.

Hoje, Kôral tem 6 anos e diz para quem quiser ouvir que Ana é sua mãe, pois ela saiu de sua barriga.
Para Ana e seu marido, Kôral também é amada como filha, pois como dizem suas palavras, eles são capazes de matar e morrer por ela.

Todos os anos, Ana prepara com apreço a festinha de aniversário de Kôral e convida todos os seus amiguinhos da vizinhança.

Há algum tempo, tentou conseguir adotar a menina. Mas a burocracia a impediu, pois a mãe está viva, embora desaparecida e para que ela consiga a adoção, deve passar por todos os processos e a menina teria que ficar em um orfanato por um tempo.
“Deus me livre! De jeito nenhum!” – eles disseram. Não querem que a menina passe um dia sequer em um orfanato.
O problema com a burocracia começou quando precisaram viajar. Tinham muito medo que tivessem problemas, pois a certidão de nascimento, único documento deixado pela mãe, não dava direitos ao casal de viajar com a criança.
Foi um sufoco, conta Michelle. Seus pais viajaram com um monte de dinheiro no bolso, preparados para pagar a qualquer guarda ou policial que pedisse os documentos da criança. Ana disse que se a pegassem, ela não ia desgrudar da menina, que iria ande ela estivesse.

Por sorte nada aconteceu nas viagens. Mas o problema persistiu quando Ana quis matricular Kôral na escola. Afinal, ela já tem 6 anos. Como poderia sem documentos que lhe davam a guarda.

Procurou a justiça, mas a burocracia é a mesma. Mas por sorte, conseguiu com um amigo que trabalha na Vara da Infância, um documento dando a guarda provisória para que a menina comece a estudar.
Nesse momento, Ana e seu marido apenas temem que a mãe volte e queira reclamar algum direito. Há dois anos ela não aparece e a menina mal se lembra quem ela é. Mas perante a justiça, ela tem todos os direitos.
Ana e seu marido não conseguem mais imaginar suas vidas sem a presença da Kôral Ela se tornou um membro da família e é muito amada por todos, não apenas pelos pais adotivos.

Quando ouvi Michelle contando a história da Kôral, vi o amor em seus olhos e fiquei muito emocionada com cada detalhe que ela ia me contando.
Nesse mundo tão carente de amor, em que muitas crianças sofrem pelo desafeto dos próprios pais, Ana e seu marido dão um exemplo de amor.

E mais do que isso, a vida nos faz pensar sobre os mistérios de Deus ao agir sobre as coisas.
Imaginem, alguém toca a sua campainha e te dá uma crinaça para você amar;
Essa é uma verdadeira história de amor que compartilho com vocês.