terça-feira, 10 de novembro de 2015

Soneto de uma quimera

E me deparo com minhas lembranças
Daquelas que emergem por precaução
Protegendo-me de uma mesma emoção
Que um dia sentira na infância

Lembranças algozes de mim criança
Que sentindo tristeza e solidão
Procurava quem lhe desse a mão
Sem depois lhe trair a confiança

Não restava nada além da espera
De um dia entre braços se aninhar
Crendo que o amor não nasce fera

Que podia se dar sem se cobrar
Numa ilusão vazia, uma quimera
Uma virtude ingênua a salutar.



(Um dos poemas mais perfeitos que já escrevi) 

Um ser a transbordar de amor

Amo. Amo tanto. Amo tantos...
Amo sempre. Amo muito! Amo mesmo.
Amo e quero, me apaixono e espero.
Amo o desejo - E padeço desse querer
Eu quero
Eu espero
Desespero
E insisto. Não desisto; Agonizo
Priorizo
Não esqueço.
Quero, quero e não quero!
Ser.
Se sou o amor, sou amada
Amável, estável.
Sou nada, desalmada
Embriagada.
Crucificada
Na lembrança
Que corta a mente
E invade
Protagoniza
Não me larga,
Me escraviza,
Me derrota
Fecha a porta
Na minha cara
E me calo...



Escrito em: 07/09/2015

Eu e a noite

Gosto de escrever quando a minha alma está transbordando, quando estou no meio do caos.
Normalmente minha alma está transbordando e estou no meio do caos... De existir, de ser de sentir.
Se toda força que me puxa para cima é igual a quem me puxa para baixo, estou indo e vindo no dondolar das emoções, no vaivém da digestão e no tilintar irritante daquelas imagens mentais que não cessam nunca, jamais.
Recobrar a memória poética tem um gosto amargo de sangue daquela veia nunca estancada. É vampiresco o desejo de degustar dessa bebida amarga. E estranhamente me deleito à luz de estrelas. no ar sombrio da noite. Eu gosto da noite.
Deliro no caos, extasio-me das contradições do paradoxo, da imperfeição. Adoro os opostos. 
Me encontro e reencontro nesse vazio de sentido e descubro que nele há sentido, que o sentido é ele, o vazio.
Não queria dizer que me encontrei nele por que na verdade eu me perdi. Me encontrei perdida e perdida me encontrei. 
No silêncio da noite me encontrei. No silêncio da noite senti o êxtase do caos, do vazio e na penumbra senti "quem era eu" que estava ali. 

Escrito em: 03/10/2015