quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Sobre intensidade.


É como o rompimento de uma represa... é como ser a represa.
Recentemente visitei uma represa e fiquei admirada com o tamanho da parede e sem que eu conseguisse controlar meus pensamentos imaginei tudo aquilo se quebrando e a água escoando violentamente e destruindo tudo o que estivesse em seu caminho. As vezes tenho pensamentos trágicos e eles vem sem querer. Do mesmo modo algumas emoções arrebentam as paredes do meu ser e saem destruindo tudo o que está pelo caminho.
Madurões que me critiquem, mas sou uma enxurrada de emoções.
Certa vez ouvi de um "bem resolvido" que ser intensa como eu era uma coisa terrível, pois preferia ser como era, uma pessoa que controla as próprias emoções, afinal, quando houvesse dor e tristeza, deveria ser insuportável. Eu respondi apenas que quando há felicidade e alegria também era insuportável (para os outros). Fato, a alegria alheia incomoda e as vezes a tristeza também.
Existe uma busca insana por uma pseudomaturidade que se revela por meio de um aparente controle das emoções, um aparente equilíbrio, uma aparente indiferença, uma aparente frieza.
Percebo uma tentativa de distanciamento das emoções como se elas fossem perigosas. E são! Não me revelo para não parecer imaturo. Não me revelo por que o outro pode não querer me acolher se descobrir que sou frágil e estou mal. Acontece...
O tempo passa e continuo sentindo a vida a fior di pelle. Me jogando, me quebrando, me partindo, me colando. Mas também transcendendo, me deleitando com as sensações, aprendendo com as delícias da existência e da minha natureza humana.
Não credito em uma vida sã... aliás, acredito que a sanidade seja uma grande loucura.



domingo, 3 de julho de 2016

Eu pareço pedra, eu queria ser pedra... Mas nasci flor.

Imagem escolhida pela minha amada filha.
"Se você fosse uma flor, seria um jardim inteiro." (Sofia)
Quantas histórias guardamos lá no fundo do nosso arquivo de memórias. As vezes ficam tão guardadinhas que nem lembramos mais que fazem parte de nós, que nos constitui. E mesmo que a gente ignore, ou aparentemente esqueça, suas flores e espinhos continuam lá. E vez ou outra os espinhos vem incomodar. 

Estamos todos em busca da felicidade. Queremos ser amados e acolhidos. O afeto é o alimento da nossa alma, é o que nos nutre, nos supre. Quando sentimos que não recebemos afeto o suficiente, quando nos deparamos com a sensação de solidão, de desamparo, de insignificância, tentamos nos proteger de uma dor invisível, impalpável, intangível.

Quando somos crianças o mundo é muito mais sensorial e simbólico. Um abandono ou uma agressão pode se tornar uma tragédia e roubar para sempre esse ser humano de um espaço sagrado de ser ele mesmo, da autenticidade, da segurança. Esse espaço pode ser preenchido com outras sensações desagradáveis que vão nortear as escolhas, a visão de mundo, as relações... nos tornamos reféns das nossas dores e dos nossos medos até nos libertarmos deles. 

Como mulher não é surpresa que confesse as dores e delícias de uma vida a driblar os estigmas da sexualidade, maternidade e vida moderna. E como ser humano hei de confessar que ainda convivo com aquela criança que outrora fui e que caminha comigo sedenta com suas dores e angustias. É uma "criança mulher" que carrega algumas memórias extras, peculiares dessa natureza de existência.

Hoje essa criança bate na minha porta e pede para falar-me. Pede para ser ouvida e cuidada. Ela quer compreender por que a ignorei tantas vezes e não quis dar o devido valor à suas queixas, à suas necessidades, à sua carência. Ela quer que eu a pegue no colo e diga que está tudo bem, que não vou mais sair dali e nem dizer que é bobagem qualquer que seja a sua crise.

Quando a nossa criança é negligenciada ela sofre e se sente amuada. E lá se vai ela para um cantinho qualquer se esconder, para se proteger dos monstros que vê e dos que não vê. As vezes ela fica lá escondida por tanto tempo que até esquecemos que ela existe. 

As vezes criamos uma armadura forte para dar a sensação de segurança.  Daí passamos uma vida com dores nas costas sustentando o peso daquela armadura pesada. É preciso força, e aprendemos a por força em tudo... parecemos fortes. E todo mundo a vê como se fosse você e pensa que se trata de um guerreiro forte e resoluto que encara a vida com coragem. Mas a criança está lá embaixo da cama chupando seu dedo apavorada. 

De repente me vi mãe dessa criança. De repente me vi mãe de mim mesma. Que com cuidado devo perceber os perigos da vida e cuidar dessa pequena para ensiná-la a crescer. Tudo muda de perspectiva.

As crianças são alegres e leves. Mas não há leveza quando existem dores. A leveza consiste em despir as armaduras e flutuar na existência. E felicidade é conseguir ouvir sem medo as mensagens que o coração manda, sejam quais forem, ainda que tristeza. Afinal, poder ser triste também faz parte da felicidade. E sabedoria é ver com clareza o que se passa de fato, por detrás dos véus, por detrás das máscaras, por detrás dos escudos e armaduras. 

A sabedoria permite o voo da liberdade, aquele em que a nossa alma se expande em amor e perdão, inundando o nosso ser da plenitude que nos equilibra e nos coloca no centro de nós mesmos e das nossas vidas. Nos leva aos céus e entre as nuvens contemplamos a luz.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Amizade

Lá na curva da estrada
Onde a vida pausa e pensa
Te encontro em mesma face
De virtude e luz intensa

Eu transitando em contra-mão
Do golpe frio a desviar
Entre mim e volante um coração 
Pulsando feito buzinar

Entre os carros me quedei
Entre soluços até sorri
E sem paródias revelei
Que, ora, quase que morri!

E sem mirar-te prossegui
Sem saber onde chegar
E em zig-zag consegui
Em segurança me encontrar

E me abraçaste com afeto
Eu num suspiro aliviado
Pensei: que bom te ter por perto!
Com um sorriso emocionado.

Parti feito um passarinho
Sentindo o sol, a viração
Levando o seu abraço-ninho
E em meu peito a gratidão


terça-feira, 7 de junho de 2016

Epitáfio

Versos inacabados...

Sobre o túmulo, ascende
De alma nua travestida
Sobre o céu escuro pende
Entre lágrimas escondidas

Sinto-me espremida, cansada
Na solidão, perdida
Pelo vazio torturada
Uma criança esquecida.

sábado, 30 de abril de 2016

Poetizando


Linguagem

Me dei conta de que escrevo muito mal. Não sou capaz nem de longe de expressar a loucura que se passa aqui dentro que pra mim tem muita lógica, mas quando transcrevo perde a graça. As palavras são limitadas...

Aceito

Tantas coisas aconteceram no último mês que me modifiquei profundamente. É como se de repente tivesse acordado. Ou percebido que estava em estado de embriaguez.
Algumas pessoas partiram, algumas coisas partiram. Quando parei de lamentar aprendi a aceitar e aceitar é muito reconfortante.

Inexata

Se estou deprimida, tranquila ou eufórica, não é o caso...
A questão é se sou capaz de compreender durante quanto tempo do dia permaneço em cada um desses estados de espírito.
Sou intensa como a água, que vai com força e depois segue branda e não tenho culpa de ser assim.
Proponho a mim mesma o silêncio, e quando ele vem eu divago.

Memória traidora

Percebi que preciso escrever mais para que não me esqueça das coisas. Tenho esquecido tudo, menos do passado.

Sobre o medo

Me lembrei de certo dia em que falei na terapia sobre uma constante sensação de medo que me lembrava de sentir na maior parte de minhas lembranças da primeira infância. Minha terapeuta na época me olhou nos olhos e disse que eu não manifestava ser uma pessoa medrosa. Imagine, senti medo naquele momento. O medo é uma contração natural em mim, como aquela resposta rápida que damos por reflexo quando alguém nos lança um objeto. Minhas costas doem.

Memórias...

Quando eu era criança, eu carecia de um espaço em que eu pudesse me abrigar e me sentir acolhida e protegida. Podia ser um colo, um agasalho, um quartinho, um cobertor. Mas aquela sensação de se sentir protegida eu não me esqueço.
Me recordo de um certo dia em que minha mãe me deu um conjunto de moletom cor de rosa e ele me aqueceu em um dia frio. Eu tinha uns 6 anos de idade e me lembro com clareza desse momento em que uma sensação intensa de conforto quebrava aquela sensação de desamparo.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Arriba Muchachas!!!

Há algum tempo estou procurando encontrar algum tempo (rsrsrs) para escrever sobre minha recente viagem de férias ao México.
Certamente o México está entre as minhas melhores experiências de viagem. Simplesmente amei (amamos).

Taxco
Primeiro que, como costumo brincar com meus amigos ao falar dessa viagem, quando pensava em México o que me vinha à cabeça era a imagem de um deserto, cheio de cactos, com alguns Mariachis tocando para alguns calangos coloridos e algum estabelecimento chamado "Taco-algumacoisa", cheio de caveirinhas e bandeirolas, com pessoas suadas tomando tequila. Tipo isso. Sem contar a fama de violenta da cidade nos deixou com um pé atrás. Todo mundo nos mandou tomar cuidado.

Mas então cheguei e encontrei um lugar bonito, uma cidade moderna como a Cidade do México, uma outra pitoresca e interessante como Taxco e uma divertida e iluminada como Acapulco e percebi que a mídia é uma merda mesmo.

Vista da cidade de Taxco.
Não consigo deixar de divulgar que foi uma das viagens mais interessantes que já fiz e que vale a pena demais ir ao México. Em relação a viagem que fizemos à Argentina, no ano retrasado, o México dá um baile em atrações, em coisas interessantes para conhecer, em elementos culturais riquíssimos e pouco divulgados pra nós Tipiniquins.
Vou tentar resumir por que gostei tanto dessa aventura. 



A viagem durou 12 dias. Mas ficamos apenas 10 dias no México por que os outros foram gastos para ir e voltar. Fomos pela Copa Airline (não gostamos), com escala no Panamá (detestamos). Conhecemos três cidades: Acapulco, Taxco e cidade do México (incluindo Teotihuacan).
Éramos duas mulheres e uma criança de 6 anos! 
Já no México, andamos pra lá e pra cá a pé, de ônibus, de metrô, de taxi e não nos perdemos, não fomos assaltadas e nem sequestradas.

Não vimos muitas pessoas mal encaradas nas ruas, não fomos perturbadas, fomos super bem tratadas e atendidas em todos os estabelecimentos, lojas, restaurantes, mercados que fomos, experimentamos altos quitutes na rua e não passamos mal nem uma vezinha sequer. 

Primeiramente, fomos para Acapulco. A viagem foi longuíssima, por que compramos a passagem em uma promoção e tivemos que descer na Cidade do México, dormir lá uma noite e no outro dia partir para Acapulco.

Praia de Acapulco
Sobre o deslocamento... bem, fomos de metrô (sim, metrô  custa apenas 5 pesos) até a estação de ônibus e lá pegamos um ônibus muito bom para Acapulco. O ônibus era ótimo, novo, limpo, ofereciam um refrigerante de brinde, chá, café, tinha tv, ar condicionado. Bem melhor que muitos aqui no Brasil. 
Acapulco é uma cidade litorânea turística. Beeeem turística! A maior parte da orla é rodeada por grandes hotéis. Conhecemos o centro, o Forte de San Diego e La quedrada. Gostamos muito de ver as praças cheias de gente animada, dançando, comendo, brincando.

Uma coisa que adooooooro são as feiras, experimentar as comidas típicas e o artesanato. Amei, amei, amei! Achei tudo lindo e colorido. Do que me chamou muito a atenção em Acapulco, foram os ônibus que circulavam a orla. Eram uma atração a parte. Eram pequenos, velhos e coloridos. Estava sempre tocando alguma música latina. Aliás, por toda parte por onde andávamos tinha música. Mas nos ônibus, além da música, de noite tinha luz neon dentro do ônibus, tipo uma boate. Além dos ônibus, nos chamou a atenção o exército nas ruas com espingardas enormes. No primeiro dia ficamos um pouco assustadas, mas como já tinha lido sobre isso antes de ir, rapidinho entendi que é uma medida preventiva. A cidade também tem muita pobreza nas redondezas das zonas turísticas. Me lembrou um pouco a periferia do Rio de Janeiro.

Máscara ritualística
Dormimos 4 noites em Acapulco e fomos para Taxco, uma cidade pitoresca, conhecida como a cidade da prata que fica no alto das montanhas. É tipo um Ouro Preto da vida, bem bonitinha, com uma praça central com um coreto e uma igreja recheda de ouro. Ficamos apenas um dia lá e também gostamos muito. A única coisa chata era ser abordada a cada cinco minutos por alguém nos oferecendo prata. Mas andamos nas feiras, compramos morango e maracujá doce. Além disso andamos no táxi-fusca! Nunca vi tanto fusca por m² como em Taxco.


No outro dia fomos para a Cidade do México. Nos hospedamos na Zona Rosa, ao lado da estação do metrô Insurgentes, o que facilitou absurdamente o nosso deslocamento. #ficadica

À esquerda, carne. Á direita, insetos!
Gostamos muito da região onde ficamos. Muitos bares, restaurantes, muita animação, muita gente, muita comida. Confesso que nos últimos dias optamos pelo MC Donalds por que enjoamos das tortilhas, das pimentas surpresas e do Consome de Pollo. O bom do Mc Donald's de lá é que posíamos servir bebida, barbecue e picles a vontade além dos trocentos tipos de molhos deles disponíveis.

Calendário Maya

Conhecemos o museu de arqueologia que merece um post só pra ele, pois foi a essência da nossa viagem, coroada pela visita às ruínas da cidade dos deuses de Teotihuacan. Foi ótimo, realmente adoramos dar esse mergulho nesse universo cultural tão interessante como é a cultura Maya e Asteca. Á propósito, fomos conhecer as ruínas de ônibus e voltamos ilesas e sem susto.


Uma outra parte muito mais emocionante da viagem, sem dúvida e que também merece um post só pra falar dela, foi a nossa visita à Casa Azul, museu da Frida Kahlo. Não tenho palavras pra dizer o quanto me emocionou enquanto admiradora. Me senti como o Percy Jacson no cassino após comer a flor de Lótus. Fiquei horas lá dentro e tive a sensação de ter permanecido uma horinha apenas. Fotografei tuuuuuudo com detalhes, todos os quadros, todos os milímetros. Se você pretende ir, se prepare para pagar pela autorização de fotografar ;)


Depois fomos ao mercado de Coyoacan. Fomos a pé do museu por que é pertinho. Comprei um monte daqueles doces suuuper açucarados e comi uma das famosas Tostadas Coyoacan, uma espécie de ceviche servido sobre uma tortilha de milho com vinagrete e abacate (ô povo que come abacate!!!).
Mercado de Coyoacan



Vi trezentas pinhatas, outros trezentos tipos de artigos com a fotografia da Frida Kahlo estampada. É nítido o quanto ela foi significativa no fato da cultura Mexicana ser conhecida internacionalmente. 


Em uma das noites fomos a um restaurante típico para ver os Mariachis. Queria que a minha filha visse o maior número possíveis de elementos típicos da cultura do país. Imaginem: Ela amou! Se divertiu mais que todo mundo. Viu além dos Mariachis, os cantores das músicas típicas, os dançarinos, o homem com o laço (que não sei como chamam) e até uma briga de galo (calma, foi bem rapidinha, só pra mostrar).

Sopa de tortilhas, toicinho e abacate.
Sobre a comida, tenho que dizer que não curti tanto assim. Por que esperava uma guacamole temperada e quase sempre vinha insossa. Sem os molhos (quase todos apimentados) a comida também ficava insossa. Mas adoramos o cachorro quente vendido na rua e também o Consome de Pollo, uma especie da canja aguada bem gostosa. 



No rosto dos nativos vimos traços indígenas muito fortes.

Pirâmide do Sol - Teotihuacan
De modo geral vimos pessoas muito parecidas na cor da pele, cabelo, estatura. Gostamos de perceber como as pessoas são carinhosas com as crianças e como essas eram calmas e educadas. 
Poderia relatar mais inúmeros detalhes da viagem que com certeza são relevantes, mas o post já está muito grande! hehehehe...











Pra finalizar, quero fizer que voltaria com certeza e muitas vezes para conhecer os lugares que não consegui conhecer ainda. 
Hasta luego, México!!!