segunda-feira, 15 de abril de 2013

Questões de uma mulher moderna

Eu sabia que um dia usaria isso aqui como um diário!!!

A moça tecelã de Stella

É que ao me referir a "mulher moderna", aliás, a UMA mulher moderna, tomei a mim mesma como referência. 
Há tempos não escrevo nada de cunho pessoal. A vida tem uma tendência a se tornar tão impessoal, quero dizer, tudo tem sido tratado de forma tão metodológica que me vem esse sentimento de impessoalidade. Não sei se me expresso bem ao dizer assim. Parece um julgamento radical.
Mas voltando a mulher moderna, pressupõe-se que me vejo de tal modo. E me vejo, ora! Me vejo inserida na vida frenética, no bombardeio de estímulos e repleta de aspirações e desejos. Me divido entre a mãe, a profissional, a estudante, a esposa, a pessoa social, a pessoa íntima, a pessoa da fé... E no palco da vida vivo todos esses papéis, hora um, hora outro, hora vários.
Vivo o arquétipo da mulher moderna que tenta resgatar a loba, a sacerdotisa e a sábia. Pois nesse palco não tem coxia e nem espaço para muitos ensaios. É quase tudo "na improvisão".
Me pergunto sobre o tempo. Duro e lascivo, arrebata e como disse Viviane Mosé, "me come por trás", ou comia, por assim dizer, já que agora me conformei com esse desfrute e até gosto. 
O fato é que descobri que sou ativa na relação e sou eu quem quero comê-lo. Mas não por trás, que não me apetece. E como não sou sádica, quero ganhá-lo, conquistá-lo, namorar com ele. Quero ter espaço nessa relação sem sufocamento, intrigas, ciumes e nem possessividades. Tudo bem, aceito dividi-lo (sempre gostei da ideia de uma relação aberta).  
Quero ter uma relação aberta e de troca, como deve ser qualquer relação de troca ideal. 
Tenho observado essa problemática do tempo e muitas outras no âmbito das relações. Mas vou falar de mim. Ah, hoje vou falar de mim!
Vou falar da mulher quase balzaquiana, com tanta história pra contar que mais parece uma anciã. Se me sentasse numa cadeira de balanço e começasse a contar, terminaria por consumir toda a vida na "contação" e gastaria todo o calço da cadeira. 
Em contrapartida a anciã que habita em mim divide espaço com uma jovem moça brejeira, faceira  guerreira... E por que não imatura? Aliás, diria, ingênua, diria inocente, diria - boba - as vezes tola, as vezes torpe. Do tipo que fala bobagens, faz caretas  e se passa por adolescente. 
Ambas coabitam a dividem as tarefas no palco da vida. E pasmem, não brigam e nem disputam o senhor Tempo. Fizeram um combinado e desde então dividem o mesmo parceiro. Parceiro este tão desejado que todas as minhas facetas o querem loucamente!
O pior é que não quero abrir mão de nenhuma delas e elas não querem abrir mão de mim.
Todas querem mais que sobreviver, querem se deliciar com cada minuto possível com esse amante tão maravilhoso. O tempo.
O tempo para namorar o meu amor. E me deleitar com cada dor e delícia de uma relação. O tempo para "lamber minha cria" como uma tigresa, ou seria uma leoa com seu filhote entre as patas rosnando para mostrar o perigo e para o perigo. 
Tempo para as viagens literárias e gozos intelectuais. Tempo para os mais saborosos debates filosóficos regados a um bom vinho e... deixa pra lá. Tempo para o dolce far niente (tão escasso!). Tempo para considerar que todas as possibilidades existem e posso escolher todos os dias o que escreverei em minha linha do tempo. E que a vida pode ser tão simples e intensa, tão doce e tão dura. 
E assim vou tecendo a vida, indo e vindo no dondolare ritmado com meu frenético coração.