terça-feira, 28 de outubro de 2014

Interpretação dos sonhos



Gostaria de compartilhar algumas ideias a respeito da interpretação dos sonhos.
Não é novidade que sou admiradora da psicanálise e que pretendo me aprofundar nesse assunto. Atualmente estou lendo o livro de Freud, A interpretação dos sonhos, e estou achando interessante e curioso. Caraca, tudo tem a ver com sexo! É claro que a abordagem Freudiana da sexualidade não é algo simplista e preconceituoso. O buraco é mais embaixo.
Meu interesse, é claro, perpassa meus próprios sonhos! Sim, até por que um bom psicanalista, pelo menos do ponto de vista da psicanálise deve no mínimo ser capaz de interpretar os próprios sonhos. Além de outras coisas, é claro!
Tenho sonhos muito interessantes. Muito mesmo. E normalmente sou capaz de interpretar a maior parte deles. Pelo menos eu acho!
A psicanalise, embora seja interessantíssima, pra mim, por não contemplar a espiritualidade, me parece estar aquém das possibilidades de interpretação dos sonhos.  Costumo considerar aspectos que vão além das análises contidas nos livros sobre psicanálise que leio. Ainda estou muito longe de ser uma psicanalista, mas como uma curiosa leitora, ando dando umas boas tacadas. Mas prefiro considerar que não sou uma estudante de psicanálise que considera a espiritualidade e sim uma estudante da espiritualidade que considera a psicanálise.
Findadas as justificativas, prossigo com o compartilhamento das minhas impressões sobre a leitura deste livro.
Primeiramente, ele explica que os sonhos são manifestações simbólicas de sentimentos e emoções latentes, mal resolvidas, ou intensas que o inconsciente projeta na mente a fim de que sejam de alguma maneira confrontados pela consciência. E se manifestam por meio de símbolos justamente por que não chegaram ao nível da consciência. Além disso, acrescento que os sonhos podem ser também, a representação simbólica de alguma experiência vivida na espiritualidade durante o sonho. Afinal, acredito na projeção astral e na possibilidade de interação com outros planos espirituais e outras pessoas também.

Certa noite sonhei que saia do corpo, volitava sobre montanhas acompanhada por alguém (supostamente um guia) para receber um aconselhamento de alguém sobre questões que levei para cama na hora de dormir. Depois que ouvia os aconselhamentos, que não me lembro quais eram, eu voltava pra casa volitando e acordava dentro do próprio sonho. O mais interessante é que esse foi um sonho muito lúcido, ou seja, eu sabia que estava sonhando o tempo todo e embora não me lembre do que a pessoa me dizia, me lembro de perguntar a ela: Será que vou me lembrar disso quando eu acordar???

Esse foi um dos muitos sonhos que considero experiências espirituais. Foi bastante intenso e significativo pra mim. 

Bem diferente de um outro sonho que tive recentemente, em que eu estava em uma sala de aula como aluna, e uma professora preparava uma festa de aniversário com muitos doces para o filho dela que também era aluno dessa mesma escola. No sonho eu salivava para comer os doces.
Dentre os muito símbolos que esse sonho manifesta, ficou claro pra mim a representação do doce, como o afeto. O doce simboliza o prazer. Quando comemos doce sentimos prazer. Mas o prazer no paladar, ou seja, na boca. A boca, do ponto de vista Freudiano, pode simbolizar o órgão sexual feminino também, ou o útero! Mas calma que não é tão simplista assim. Nesse caso, o prazer é sexual, mas não necessariamente. Precisa combinar com os demais aspectos. Ainda tem a mãe, a escola e o filho pra encaixar no contexto como se fosse um quebra cabeça. Não vou explicar cada símbolo, pois seria muita exposição da figura, mas cheguei à conclusão, (explicando por alto), que esse sonho foi a manifestação de um desejo de prazer infantil que não sinto ter nesse momento e também não me permito ter. Pois no sonho eu não comia os doces, pois me preocupava com a lactose (que sou intolerante). Os sentimentos que manifestava no sonho era de desejo de comer os doces quando a minha boca salivava, ou seja, o desejo de prazer ao satisfazer os impulsos da libido (tesão pela vida e pelas experiências), mas impedida por um fator biológico, no caso, intolerância à lactose. A mãe e o filho eram facetas de mim mesma. Oferecer doces ao filho em uma celebração... Conseguem deduzir o que pode significar? Quem em conhece saberá!

É interessante como a sociedade se manifesta por meio de símbolos e tanta gente ainda ignore a relevância deles na nossa concepção de realidade. Tudo é símbolo! Não enxergamos nada tal como é, tudo é símbolo e representação.
O maravilhoso universo dos sonhos é um caminho para compreender melhor o ser humano e suas questões internas. Mas para isso é importante traduzir os símbolos que cada um concebe.

Freud não é determinista na significação deles. Sua abordagem exige mais discernimento acerca as possibilidades de construção de imagens e significados de cada ser humano e sua realidade.
Aos poucos pretendo compartilhar algumas interpretações interessantes minhas e do próprio livro.

Até breve!

A sociedade e o retrocesso afetivo.

Quando não acreditar em mais nada, lembre-se que sempre haverá alguém com um coração transbordando de sentimentos e que acredita que vale a pena amar.


Hoje, pra falar qualquer coisa tem que ser especialista. Do contrário cai no senso comum, no achismo, na tolice de falar sobre alguma coisa que não se sabe bem.
Hoje em dia, gerenciar pontos de vista diferentes sobre qualquer assunto virou uma tarefa quase impossível. Basta observar os debates informais na internet sobre política. Cada um se agarra a própria opinião com unhas e dentes como se mudar de ideia ou considerar que seu ponto de vista pode estar errado o fizesse perder totalmente a dignidade.

Gosto de refletir sobre vários assuntos e de investiga-los. Tenho uma imensa dificuldade em me fechar em uma opinião sobre qualquer coisa. Sempre considero as demais possibilidades a exaustão. Isso é cansativo, mas me livra da cretinice na maior parte do tempo.
Isso também faz de mim uma pessoa bem indecisa (não pra tudo). Meu Deus, como eu sou indecisa! Entre pipoca doce e salgada, “põe a doce no fundo e a salgada por cima!”. Ao mesmo tempo, não sou determinantemente nada... Sou paradoxo.
Sou extremos e opostos coabitando num mesmo corpo. Sou capaz de tudo e de nada. Sou quente e fria... intensamente quente e intensamente fria e sou intensa até não poder mais - eu já disse isso aqui!!! 
E como não sou especialista em nada, a não ser em mim mesma, descobri por que tem sido tão difícil escrever nesse blog. Minha dificuldade estava em falar daquilo que não me pertence. No receio de ser leviana em expor meus pontos de vista sobre qualquer assunto e estar sendo muito unilateral, limitada, preconceituosa.
Ok. Pensei um pouco sobre isso e caí de novo no ciclo vicioso de pensamentos sem fim, pois seja qual for a análise ou ponto de vista de quem quer que seja sobre qualquer assunto, será, pois, sempre unilateral, será sempre a opinião, sempre a análise que parte desse ou daquele ângulo de visão. Afff... isso é tão óbvio! Portanto não tenho como escapar do meu achismo! Fôda-se então! Era isso que queria dizer. Meu blog não é cientifico, é empírico!
Gostaria de abrir esse espaço para outras vozes, para outras emoções. E falar sobre elas, as emoções, e também sobre os sentimentos que carregamos e ignoramos.
Percebo, enfim, que a sociedade, essa entidade organizada em padrões diversos trata a natureza emocional humana de maneira irresponsável. A prova disso é essa neurose capitalista e superficial que se revela nas relações humanas.
Os papéis escolhidos para representar na vida têm sido valorizados além dos sentimentos manifestados pela natureza das relações. Os padrões de relacionamento estabelecidos por esse modelo cultural têm determinado como as emoções humanas devem se manifestar e não as emoções humanas tem definido padrões, até por que não bastariam jamais.
O ser humano é indescritivelmente multifacetado. Seria pretensioso tentar enquadrá-lo em definições e conceitos. Seria pretensioso tentar definir o modo “humano” de agir, visto que todas as coisas podem representar o modo “humano” de agir.
Voltando a minha pessoa, observo que sofro do mal do rótulo e da necessidade de dar nome as coisas, defini-las. E pior, sofro do mal de ser enquadrada em rótulos, definida.
E quando aparecem esses rótulos é bastante engraçado, pois variam de extremo a extremo.

E em meio a tantas definições e padrões recomeço a escrever meus pensamentos e reflexões sobre os que vejo, o que sinto e o que sou. Em prosa, verso, poesia, melodia ou simples textos sem conclusão, me permito devanear nesse amontoado de ideias.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Você, que não veio

Quem não me conhece
não sabe de mim
De minhas dores
meus dissabores
De meus amores

Quem não me conhece
não sabe de mim
De meus medos
meus segredos
secretos

Quem não me conhece
não sabe de mim
de meus sonhos
meu coração tristonho
do que me envergonho

Quem não me conhece
não sabe de mim
De meus desagrados
engasgados
impregnados

E quem me conhece
também não sabe de mim
De meus desencantos
meus desenganos
meus desencanos

E quem me conhece
também não sabe de mim
De minhas dores latentes
de meu vazio existente
de minha alma carente

E quem me vê por aí
não sabe de mim
De minha saudade
covarde
de outra realidade

E quem me vê por aí
não sabe de mim
De minhas caminhadas
por estradas
frustradas

E quem me vê de longe
(ou de perto)
não sabe de mim
nem nunca saberá
Sobretudo entender
ou desvendar meu olhar

E quem quase nunca me vê
(imagina!)
Mal saberá de mim
Ou de minha ausência
em mim
Ou desse vazio
de algum triste fim.

03/08/2014


domingo, 12 de outubro de 2014

Ilusão

Como dizia o poeta 

Quem já passou por essa vida e não viveu 
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu 
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu 
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não 
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão 
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir 
Eu francamente já não quero nem saber 
De quem não vai porque tem medo de sofrer 
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão 
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não

Vinícius de Moraes e Toquinho


Vinícius é um tradutor da minha alma. Como não amá-lo, como não amar?
Durante toda a minha vida amei, me apaixonei, morri de amores... derramei muitas lágrimas, gastei muito grafite e muita tinta de caneta em minhas muitas folhas de caderno. Fui uma adolescente bem adolescente. 
O tempo passou e com ele essa euforia. Passou a inspiração para escrever versos e poesias de amor. Passou a inocência e a crença de que o amor é um caminho florido que está logo ali na esquina. 
A desilusão no amor é uma das primeiras experiências traumáticas da menina. E ela começa, muitas vezes com os pais. Depois ela projeta para os homens da vida dela (ou mulheres, quem sabe!).

A teoria Freudiana confirma isso quando fala dos complexos de Édipo e Electra.
É bacana perceber os complexos projetados na vida adulta. Aliás, projetar é a maior das especialidades humanas. Quando começamos a observar como isso acontece, nos deleitamos com as identificações. Não importa se é negando ou não, reproduzimos e projetamos constantemente modelos adquiridos em experiências na infância. E por que isso acontece, oras?

Oras!!!! Simplesmente por que a realidade só existe dentro de mecanismos e projeções. A realidade de cada pessoa está limitada àquilo que ela adquiriu como distinção ou experiência (o inverso é inteiramente falso). Estamos limitados às nossas experiências passadas. Interpretamos o presente com base naquilo que já vivemos. Interpretamos o outro com base naquilo que já vimos e somos. É comum acreditarmos que compreendemos o outro, o que o outro sente, o que o outro é... Mas o outro é só a projeção da gente mesmo. Por isso eu acho que entendo o outro por que vejo o outro como se fosse eu. Julgo o outro como se fosse eu. E não sou capaz de alcançar aquele sentimento complexo que o outro sente, se nunca experimentei, se nunca tive contato com ele. E julga-se muito com base no que eu acho que seja. Ou seja, numa ilusão.

Acho que posso falar um pouco sobre a ilusão, pois experimento com frequência o sentimento de desilusão. Em um primeiro momento pode soar dramático, mas a desilusão, se interpretada ao pé da letra é uma coisa ótima. A desilusão te coloca de novo a par da realidade. Ou te tira da pretensão de compreender todas as coisas. 

A desilusão é evolução, é esclarecimento. Desiludir-se sobre alguma coisa requer considerar que se está errado ou que a maneira como até então compreendia e agia sobre alguma coisa era falsa. E eu me revejo com frequência. E me desiludo com frequência. A cada descoberta uma desilusão. Uma desilusão boa!
Desiludir-se é libertar-se!