domingo, 27 de março de 2011

Aconteceu comigo

Resolvi criar mais uma abinha com algumas histórias da minha vida. São histórias que considero no mínimo cômicas ou trágicas, depende do ponto de vista.
Não consegui inventar um nome melhor pra batizá-la. Se alguém tiver uma sugestão melhor que "aconteceu comigo" please...

Então vamos lá!
Hoje quero contar uma história trágica e cômica. Trágica na época, cômica hoje. Aliás, mais que cômica - trash!
Tem muitos personagens, então, para não dar nome aos bois, darei apelidos a todos.
É uma história grande, por isso vou contar em várias partes.


Doce de Abacaxi - o Creosvaldo!

Quando era adolescente, meu nome era Paixão e meu sobrenome Aline. Nunca conheci alguém que se apaixonasse tanto e por tantas pessoas tão facilmente. Foi assim com o Doce de abacaxi - o Creosvaldo.
Sabe aquelas paixões que te tira toda razão e te faz um completo idiota? Essa foi uma delas! (de muitas que tive)

Aos 18 anos, fui trabalhar em uma empresa como operadora de telemarketing. Estava no fim de um relacionamento (que depois falo sobre ele) e com o coração aberto para novas paixões.
Ainda na fase de treinamento, em um belo dia ensolarado, os gestores foram a sala se apresentar e junto com eles entrou uma pessoa que apelidei de Doce de abacaxi (e Creosvaldo) e que me apaixonei instantaneamente. Mas foi assim mesmo. INSTANTANEAMENTE! Mais rápido que fazer miojo. Sem critério algum. Olhei e me apaixonei.
Esse foi só o início de uma história ala Maria do BBB 11.
No início, obviamente, cultivei a imagem do meu Doce de abacaxi em algum altar dentro de mim, em uma espécie de veneração particular.
Tinha todos os sintomas conhecidos desse mal: Palpitação, mãos frias e suadas, gagueira, desequilíbrio na hora de caminhar (daqueles que a gente vira o pé e dá uma mancada!) e o pior de todos, a amnésia temporária durante qualquer diálogo. Era uma completa idiota!
Qualquer instante de proximidade era o suficiente para me paralisar, aliás, paralisar meu cérebro. Cada detalhe era visto no macro, como uma lente de aumento. O perfume, eu sentia a léguas de distância e o pior de tudo era a reação que o barulho do sapato causava em minha coordenação motora. Inacreditável.
O Doce de abacaxi ocupava o cargo de coordenação do call center, então ainda tinha aquele mito de chefe, aquela posição de poder que me atraia muito.

Mas o pior ainda está por vir. Compartilhei com um colega gay de corredor e ele solicitamente descobriu o telefone do Doce de Abacaxi e tadinho, foi demitido por isso. Aliás, tadinho nada! Depois disso ele foi pra Itália e está lindíssima lá!
Então, era véspera de feriado e o Doce de Abacaxi faria uma cirurgia e além do feriado, passaria mais um período sem aparecer na empresa. Pensei: Nossa, é tempo demais sem ver meu Docinho! Vou aproveitar o feriado e telefonar. Era a deixa que eu precisava.
Naquela época, acho que eu tinha apenas minhocas na cabeça. Vivia em um mundo paralelo, só pode!
E foi então, que começou a tragicomédia romântica da história do Doce de abacaxi - o Creosvaldo.

No primeiro contato inventei uma desculpa esfarrapada de querer saber como estava e como foi a cirurgia. Depois fui com um papo de que admirava muito o trabalho e a postura profissional... blá blá blá. Um papo sem pé nem cabeça. Me lembro bem que ensaiei o script durante dias, premeditando cada possível reação ou resposta. E depois do telefonema, passei mais alguns dias relembrando de cada frase e imaginando como fui interpretada.

Depois disso, foi só agonia. Acho que nunca tive tanta gastrite em minha vida. Como eu, verde pra vida, carente até os ossos, cheia de complexos, magra demais, feia demais, desisteressante demais (eu achava tudo isso naquela época. Mas hoje me acho linda! kkkkkk), ia conseguir atrair uma pessoa tão "poderosa" e tão cheia de atributos como o Creosvaldo???

Do primeiro telefonema até o dia do exorcismo foi uma angustia só.
Esperei ansiosamente pelo fim do feriado e dos tais dias de repouso, apenas para rever a figura. Foram longos dias entediantes. Tão entediantes, que não resisti e telefonei mais uma vez. Foi a mesma saga. Pensei e repensei em scripts possíveis e adequados e em alguma coisa para impressionar. Mãos suadas, respiração descompassada, palpitações... e falei um monte de bobagens!
As vezes não acredito que essa Aline é a mesma Aline de hoje. Digo, que não era outro espírito no mesmo corpo.
Depois de desligar o telefone, além de me xingar pelas bobagens ditas, escrevi uma mensagem melosa de boa noite.
Naquela época, eu tinha uma enorme necessidade de demonstrar todos os meus sentimentos, principalmente se fossem afetos. Acreditava, que meu bem querer era um argumento suficiente em uma conquista. Me sentia, com essas investidas, como se os meus pés estivessem a um palmo do chão, como se tivesse acontecido alguma coisa muito extraordinária, importante, sei lá.

Mas para a minha surpresa, o telefone tocou por volta da meia noite.
Por sorte, estava apenas em companhia de minha amada prima Michelle, companheira fiel de meus muitos momentos de paixonites agudas e desvairadas.

E quem era??? Alguém adivinha???


(A história continua no próximo post)