sábado, 23 de fevereiro de 2013

Deduções


Hoje falarei um pouco sobre deduções. Tenho percebido de forma muito clara como funcionam os mecanismos mentais nesse processo. 
Entendo como dedução, uma conclusão baseada em argumentos lógicos. Do ponto de vista do raciocínio lógico, se existir duas premissas consideradas verdadeiras que se complementam, é possível concluir um terceiro fato, ou seja, uma terceira premissa também verdadeira. Todavia, para que seja considerada verdadeira a conclusão, as outras premissas não apenas devem ser verdadeiras, como também devem respeitar determinada lógica. 
Entendo também como dedução, uma combinação de crenças, modelos mentais e julgamentos. Falando do ponto de vista do coach, observar o modo como as pessoas fazem suas deduções é uma oportunidade de identificar suas forças e fraquezas e consequentemente as ameaças e oportunidades iminentes. É, sim, um SWOT pessoal contemplativo, que parte da percepção e obviamente inevitavelmente do julgamento do coach. Falar de julgamento por parte do coach pode soar agressivo ou pretensioso  Mas acredito que o julgamento, ou melhor, o juízo é inerente ao ser humano. Com isso afirmo que não acredito que seja possível o indivíduo observar a realidade a sua volta sem que seja por trás das lentes de seu juízo ou diria, do seu condicionamento, por mais discernimento que o indivíduo tenha. O que de fato acontece com o coach, em relação aos juízos, é a suspensão destes no ato de observar para que a interpretação e a assimilação da realidade não seja limitada e condicionada a apenas um ângulo de visão. O coach (teoricamente) exercita e treina a suspensão do juízo para consequentemente ser capaz de contemplar mais possibilidades de uma realidade qualquer. 
Uma vez suspenso o juízo, a primeira dedução lógica sentida pelo coach é considerada por ele mesmo  como apenas uma dedução lógica (ou seu juízo) e não como uma verdade inquestionável e permeadora de ações futuras. 
O fato é que existem muitos enganos nesse processo de dedução e seja qual for a premissa verdadeira, ela não importa tanto quanto o esquema que gerou a dedução. Este sim deve ser investigado, pois dele partirá um aprendizado sobre si (o coachee e também o coach).

A dedução, como manifestação inconsciente de crenças e modelos mentais, também pode ser observada como mecanismo de defesa do ego, uma vez que este carece de certezas e afirmativas que justifiquem suas vontades e as ações do indivíduo. Então, para se sentir confortável, o ego elege algumas premissas como verdadeiras e a partir disso faz as combinações lógicas gerando as conclusões também consideradas como verdadeiras. 
O aprendizado acontece quando há o rompimento dos esquemas, ou seja, quando o indivíduo consegue confrontar tais premissas e constatar que não há mais lógica na combinação. A partir daí o processo deixa de ser inconsciente e passa a ser racionalizado oportunizando a crianção de novos esquemas ou a liberdade consciente (aprendiz efetivo).

Todos vivemos diversos condicionamentos. Afinal, sem eles seria impossível fazer coisas como dirigir ou escrever, por exemplo. Mas dirigir e escrever são condicionamentos treinados de forma consciente, cujo objetivo final já era esperado enquanto a maior parte dos esquemas que dizem respeito àquela parte subjetiva do indivíduo (a do sentir e reagir) foram simplesmente programadas ao longo da vida de maneira inconsciente.

É por essas e outras que recomendo a todos o processo de coach como um boa maneira de revelar-se a si mesmo. 

E como sempre afirmo, conhecer a si é conhecer o caminho da verdade.

Sem mais por hoje!