terça-feira, 28 de outubro de 2014

A sociedade e o retrocesso afetivo.

Quando não acreditar em mais nada, lembre-se que sempre haverá alguém com um coração transbordando de sentimentos e que acredita que vale a pena amar.


Hoje, pra falar qualquer coisa tem que ser especialista. Do contrário cai no senso comum, no achismo, na tolice de falar sobre alguma coisa que não se sabe bem.
Hoje em dia, gerenciar pontos de vista diferentes sobre qualquer assunto virou uma tarefa quase impossível. Basta observar os debates informais na internet sobre política. Cada um se agarra a própria opinião com unhas e dentes como se mudar de ideia ou considerar que seu ponto de vista pode estar errado o fizesse perder totalmente a dignidade.

Gosto de refletir sobre vários assuntos e de investiga-los. Tenho uma imensa dificuldade em me fechar em uma opinião sobre qualquer coisa. Sempre considero as demais possibilidades a exaustão. Isso é cansativo, mas me livra da cretinice na maior parte do tempo.
Isso também faz de mim uma pessoa bem indecisa (não pra tudo). Meu Deus, como eu sou indecisa! Entre pipoca doce e salgada, “põe a doce no fundo e a salgada por cima!”. Ao mesmo tempo, não sou determinantemente nada... Sou paradoxo.
Sou extremos e opostos coabitando num mesmo corpo. Sou capaz de tudo e de nada. Sou quente e fria... intensamente quente e intensamente fria e sou intensa até não poder mais - eu já disse isso aqui!!! 
E como não sou especialista em nada, a não ser em mim mesma, descobri por que tem sido tão difícil escrever nesse blog. Minha dificuldade estava em falar daquilo que não me pertence. No receio de ser leviana em expor meus pontos de vista sobre qualquer assunto e estar sendo muito unilateral, limitada, preconceituosa.
Ok. Pensei um pouco sobre isso e caí de novo no ciclo vicioso de pensamentos sem fim, pois seja qual for a análise ou ponto de vista de quem quer que seja sobre qualquer assunto, será, pois, sempre unilateral, será sempre a opinião, sempre a análise que parte desse ou daquele ângulo de visão. Afff... isso é tão óbvio! Portanto não tenho como escapar do meu achismo! Fôda-se então! Era isso que queria dizer. Meu blog não é cientifico, é empírico!
Gostaria de abrir esse espaço para outras vozes, para outras emoções. E falar sobre elas, as emoções, e também sobre os sentimentos que carregamos e ignoramos.
Percebo, enfim, que a sociedade, essa entidade organizada em padrões diversos trata a natureza emocional humana de maneira irresponsável. A prova disso é essa neurose capitalista e superficial que se revela nas relações humanas.
Os papéis escolhidos para representar na vida têm sido valorizados além dos sentimentos manifestados pela natureza das relações. Os padrões de relacionamento estabelecidos por esse modelo cultural têm determinado como as emoções humanas devem se manifestar e não as emoções humanas tem definido padrões, até por que não bastariam jamais.
O ser humano é indescritivelmente multifacetado. Seria pretensioso tentar enquadrá-lo em definições e conceitos. Seria pretensioso tentar definir o modo “humano” de agir, visto que todas as coisas podem representar o modo “humano” de agir.
Voltando a minha pessoa, observo que sofro do mal do rótulo e da necessidade de dar nome as coisas, defini-las. E pior, sofro do mal de ser enquadrada em rótulos, definida.
E quando aparecem esses rótulos é bastante engraçado, pois variam de extremo a extremo.

E em meio a tantas definições e padrões recomeço a escrever meus pensamentos e reflexões sobre os que vejo, o que sinto e o que sou. Em prosa, verso, poesia, melodia ou simples textos sem conclusão, me permito devanear nesse amontoado de ideias.

Nenhum comentário: