É tempo de repensar. Recomeçar. E mesmo quando não falta senso, não falta nada,
deve-se pensar e repensar. Mesmo quando tudo está calmo... mesmo quando tudo
que passa passou. A vida segue e as perguntas mais importantes se calam diante
do frenesi da satisfação - nunca plena.
Em meu peito arde uma chama que nunca se apaga. Um
sentimento que flameja e me acende.
Não tem face, não tem corpo, mas tem alma. Tem espírito.
E como uma alma penada queima meus pés me tirando do
repouso, me incomodando. Começa lá no estômago, sobe pra garganta e depois me
invade todo o corpo com um calor estranhamente frio. É um calor que arrepia.
Num desejo massivo de viver. Numa insana e intensa
vontade de acontecer a vida. Transcender.
Que será esse fogo que me queima por dentro? Que será
essa inquietude que me atormenta, tirando-me o sossego? Essa insuficiência que
me move, me comove e me remove da linha. Eu perco a linha. Perco o prumo e
perco-me dentro desse incêndio torturante.
Até queimar e arder. E arde lá no peito, lá dentro. Entre
as batidas arde. E quanto mais arde mais pulsa. E nesse pulsar ritmado me
embalo e me embriago num gozar iminente. Na expectativa que ele suceda. Na
angústia que aconteça, não quero esperar. Quero decidir a hora de gozar. E
nessa febre padeço e renasço. Recomeço, repenso... É tempo de recomeçar.
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