Olá!
Quem é vivo sempre aparece.
Ultimamente tenho dedicado toda a minha inspiração literária para descrever meu processo de tratamento ortognático (nada poético).
Mas chegou o momento de deixar um pouco de lado aquele blog (Blog da Cirurgia Ortognática) e voltar para esse, que me dá tanto prazer.
Meu momento é de versos, prosas e melodias.
Filosofias? Muitas!
Então, hoje, dedico versos de Fernando Pessoa.
Se chama autopsicografia.
Esse verso diz muito sobre o meu momento, sobre a perda que sofri recentemente, cujo vazio jamais será preenchido.
Diz também sobre o quão estranho e confuso é esse nosso coração doido.
Cheio de labirintos e abismos.
De vez em quando nos perdemos nele e custamos a nos encontrar novamente.
Taí o preço de ser humano.
Quem nunca sofreu uma perda? Quem nunca sofreu? Quem nunca se viu confuso? Quem nunca teve sentimentos que não queria ter?
Que atire então a primeira pedra.
Aos poucos a maturidade vai nos ensinando a não nos abalar com tudo isso. Mas será?
Não chamaria a capacidade de não se abalar com os imprevistos da vida e do coração de maturidade. O coração é involuntário. Bate ainda que não queiramos viver com ele batendo. Não se abalar com suas intempéries é o mesmo que ignorá-lo. Aonde está a maturidade em ignorar uma parte vital de si mesmo?
"Bom" mesmo é se abalar, se contorcer de dor quando doer para se dar a oportunidade de usar aqueles versos mais libertadores: O p@#$%¨& que p&¨%$#.
Então, como a minha capacidade de rimar está meio enferrujada pelas placas ortognáticas, dou minhas próprias boas vindas, ou melhor, bom retorno dedicando versos alheios (de primeira qualidade).
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
(Fernando Pessoa)
Até breve!
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