sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Sobre as escolas na Itália e a adaptação da Sofia ao método - Parte 1

Eu não sou pedagoga. Mas sou mãe de uma criança em fase escolar. Uma coisa que tenho observado desde que a Sofia começou a ir para a escola aqui na Itália é que, em relação ao método das escolas que ela estudou no Brasil, ela se identificou mais com o método dito tradicional. Sabe, aquele que algumas pedagogas no Brasil consideram tortura! Pois é... eu tenho várias críticas a organização da escola aqui, que de fato estão aquém das minhas expectativas, mas até o momento não tenho do que reclamar do método.

Certa vez, quando ela estava sendo alfabetizada, ainda no Brasil, enquanto fazíamos a lição de casa, Sofia me vem com uma ideia que me deixou surpresa. Ela estava estudando português e confusa sobre a grafia de umas palavras me disse: Que irritante isso, mãe Nine! Podia ser assim: "Ba-be-bi-bo-bu"!!!
No contexto, ela estava se referindo à metodologia utilizada na maioria das escolas no Brasil para o letramento. Ela queria estruturar as suas ideias na cabeça e estava sentindo dificuldade de fazer isso devido ao método que tinha aprendido a ler. Eu aprendi a ler e a escrever no método "ba-be-bi-bo-bu" e não tenho queixas dele! Pois consegui deduzir a formação da maioria das sílabas simples a partir desse primeiro exemplo.

De fato eu estava achando realmente muito estranho uma criança com tanta aptidão para a linguagem ter dificuldades para ler e escrever (aos dois anos de idade ela se comunicava como uma criança de 5!). E não apenas isso, ela estava indisposta a aprender e isso me preocupava um pouco.
Então um dia tive a ideia de propor a ela um exercício para trabalhar com a formação de sílabas simples com todas as letras do alfabeto e depois escrever palavras que iniciassem com cada uma dessas sílabas. Aparentemente é uma tarefa muito chata, mas ela se dedicou com muito afinco até o fim. Foi aí que entendi o que estava se passando!

Chegando aqui, eu já imaginava que o método seria aquele que no Brasil consideram tradicional. E como eu esperava, ela se adaptou super bem!

Os professores passam quilos de tarefas e ainda deram um livro do ano passado para ela treinar as palavras e aprender nomes de objetos em Italiano. Ela está tão dedicada que dá gosto de ver!
No caderno, ela precisa copiar várias vezes as mesmas palavras e, sem reclamar, ela faz todas as cópias e pergunta a tradução delas.
Os cadernos que a escola utiliza são adaptados para cada série. O que muda são as linhas. No caso do 3º ano as linhas são aquelas do caderno de caligrafia. A letra dela está uma coisa linda! Ela não teve dificuldade para se adaptar à caligrafia, pois desde o ano passado eu já vinha treinando com ela em casa. E desde o início do ano, estávamos fazendo homeschooling e a caligrafia fazia parte do cronograma.

Ela também usa cadernos que são para o 4º ano, que são aqueles que nós conhecemos com as linhas normais.
E para matemática ela usa aquele quadriculadinho. Eu adoro o quadriculado!!! Comprei até um pra mim!
Também tem uma coisa engraçada, que usam no colégio dela, que são as cores dos cadernos. As disciplinas são identificadas por cores. No início eu achei estranho ela dizendo que a professora pediu para ela levar um caderno branco. Achei que fosse um tipo de caderno chamado branco (rsrsrs), más não, era a cor da capa mesmo!

Ela começou a estudar a mais ou menos um mês e pulou do nível 1 ao nível 6 na comunicação em Italiano. Não só fala, como escreve.
Tirando a parte do Italiano, se fosse em português eu também diria que seu crescimento no campo pedagógico e autonomia pularam do nível 4 para o nível 8. Impressionante! No Brasil era uma guerra estudar com a Sofia e agora ela demonstra bastante entusiasmo com as lições de casa.
As queixas que eu tinha em relação a escola permanecem, pois estão no âmbito da organização e da comida (que ela reclama diariamente). Mas ela estava com tanta vontade de interagir e de fazer novos amigos que esses problemas ficaram pequenos para minha pequena guerreira!
Uma outra coisa que me deixou bastante feliz foi que após uma longa saga para conseguirmos conversar com os professores e a coordenadora, criamos um certo vínculo e os professores estão super empenhados na adaptação dela. Um professor em especial está fazendo um intercâmbio de cultura entre os colegas de diversas nacionalidades que estão na turma dela. Tem criança da Romênia, do Egito, do Japão, da França... todos na mesma sala. Vez ou outra eles fazem a troca intercultural. Isso eu considero de uma riqueza inominável.

Ainda em relação ao método, não estou aqui emitindo um julgamento a respeito de qual metodologia é melhor ou pior. Só posso dizer que para a Sofia, esse método deu mais certo que o que tínhamos no Brasil. Quando vamos praticar a leitura percebo que ela tem um péssimo hábito de tentar deduzir as palavras que está lendo. Ela lê as primeiras sílabas e tenta deduzir o restante. Mas não funciona em Italiano por que ela ainda está aprendendo as palavras. Tenho que constantemente pedir para ela ler todas as sílabas.


Fico feliz por poder partilhar, espero que seja útil para as famílias que estão de mudança pra cá com seus pimpolhos. 

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